REFLEXÃO
Não sabemos, exatamente, a data e ocasião em que esse texto foi escrito. Tivemos contato com ele em 2011, na cidade de Nova Xavantina, Mato Grosso. Não há nada a comentar sobre essas palavras, senão, ler, pensar, meditar.
Por Hélio Jefferson de Souza Filho
A fraternidade e a irmandade são as razões e os sentimentos que devem, invariavelmente, permear todos os nossos atos. Acima da razão, da opinião, das desavenças ou das diferenças, existe a fraternidade, a grande irmandade que une a todos os homens, sem distinção de idade, credo, raça ou cor. Somos, exatamente, como células, pequeninas células do corpo do homem cósmico que é Jeovah. Deus é poder, poder este que vem da união de todos os seus filhos. Qualquer sentimento de separatividade gera o ódio, em qualquer um dos seus degradantes níveis de manifestação. O ódio, invariavelmente, mata e destrói tanto a quem o recebe quanto a quem o emite. Somos todos iguais, não importando o quanto nos sentimos superiores a quem quer que seja. O sentimento de separatividade é apenas o fruto de uma visão limitada e reduzida drasticamente pela ínfima pequenez de nosso próprio ego.
Os tempos são chegados, as profecias, há tanto exaltadas, agora finalmente tomarão lugar. Mas é necessário cuidado, atenção, a plena vigilância dos sentidos tantas vezes prescrita por nossa querida Mãe. Os erros de outrora não mais poderão ser repetidos, pois que nunca ninguém se engane: nós, os mesmos que aqui agora estamos, diante da santa taça, redentora de todo o carma da humanidade, somos os mesmos que inúmeras outras vezes caímos e renegamos a mão que nos era amorosamente estendida.
Ofereceram-nos agora a missão de salvar a humanidade, assim fomos tocados e atraídos em nosso orgulho, mas na verdade a meta é encontrar e salvar a nós mesmos. A queda atlante, o templo tibetano e incontáveis outros marcos fatídicos de nossa Obra, não estão tão distantes como seria desejado. Todos nós, que de uma forma ou outra nos sentimos atraídos por este lugar, estivemos lá e sabe Deus em que posição, em que papel…
O amargo gosto do sangue ainda é sentido em nossas bocas, o contato morno das lágrimas ainda é recente em nossas faces e isto tudo para alertar-nos sobre a criticidade do tempo que se aproxima. Novamente o antigo há de ceder lugar ao novo, é verdade, mas não de uma forma repentina e abrupta. Nada, absolutamente nada na natureza assim se comporta e não seria uma obra, nas dimensões da que nos abriga que iria renegar tão sábia lei. Este sublime momento de transição exige novas e honradas posturas. Parcimônia e adaptabilidade são condições para absorver o futuro agora e fazer parte deste degrau de evolução.
É necessário amor. O antigo deve amar a Obra, acima da posição hierárquica que até agora ocupou. O jovem deve amar o dever acima do poder, deve amar a possibilidade de contribuição acima da possibilidade de ocupação. É necessário humildade. O antigo deve ser humilde o suficiente para perceber a força e disposição dos que só agora chegam. O jovem deve ser humilde o suficiente para perceber que os que aqui antes aportaram possuem o conhecimento e a experiência que ainda lhes falta.
É necessário compreensão. O antigo deve compreender a lei dos ciclos que o permeia e conduz, esta mesma lei que define a cada um, um tempo e um espaço propício e bem definidos para a sua atuação. O jovem deve compreender a imensidão e a grandiosidade do lugar que agora o recebe, imensidão esta que poderá absorvê-lo ou destruí-lo, dependendo isso, unicamente, de si mesmo. É necessário luta, não a luta pelo poder, mas, sim, a luta pelo dever. É necessário irmandade, não apenas na teoria, mas na prática, de se poder olhar fundo nos olhos de todos os que de nós se aproximam.
Diferenças de ideias, conceitos ou opiniões, definitivamente não são suficientes para gerar desunião ou desavenças entre verdadeiros irmãos. Devemos, desde logo, considerar e reconhecer a transitoriedade de qualquer conceito ou processo mental. Estes se reduzem, dentro de um contexto macro, a simples degraus a serem escalados, dando-nos um apoio temporário, para então podermos galgar outros ainda mais altos do que os anteriores. Portanto, estamos assim diante de uma inversão estúpida de valores. Colocamos algo nitidamente transitório – que mais cedo ou mais tarde seremos obrigados a abandonar -, acima da fraternidade e da irmandade, que eternamente une a todo o gênero humano.
Os que alardeiam a separação do indivisível e divisão de coisas não sabem, por exemplo, que as células se dividem primeiro para se multiplicar depois. Saibamos reconhecer as diferenças como possibilidades a serem trabalhadas em benefício mútuo, e nunca como pontos de atrito causadores de desavenças e consequentes infortúnios.
Portanto, mesmo que estejamos aparentemente cobertos de todas as razões, mais vale manter o ambiente harmônico de paz e tranquilidade, do que provar ou impor o nosso próprio ponto de vista. Nada, absolutamente nada, justifica a desunião entre nós. Somos todos filhos do mesmo Pai, viemos de uma mesma Causa e possuímos o mesmo destino. Isto, por si só, justifica qualquer ação no sentido de preservar esta bendita aliança intacta, aliança esta que permanecerá, principalmente, por ser uma objetividade e uma necessidade.
A beleza reside nas nossas grandes igualdades, mas a força está em nossas pequenas diferenças.
Que a paz possa sempre reinar em nosso meio. Que a união das essências prevaleça sempre sobre a diferença das aparências. Que o mesmo teto que agora nos abriga e nos protege possa também o fazer a todos os nossos irmãos em humanidade, estejam eles onde estiverem.
Que os jovens sejam sempre bem-vindos e que os antigos sejam sempre honrados e respeitados.
Um em todos e todos no Um!
At Niat Niatat!
Bijam!