PÁSCOA – SUA ORIGEM, SÍMBOLOS E SIGNIFICADOS ATÉ OS DIAS DE HOJE

PÁSCOA – SUA ORIGEM, SÍMBOLOS E SIGNIFICADOS ATÉ OS DIAS DE HOJE

Por Mauro Leslie

Em 1945, na Revista Dhâranâ, ano XX, página 100, o fundador das Sociedade Brasileira de Eubiose, Henrique José de Souza, escreveu sobre a origem e significados da Páscoa ao longo das civilizações: a tradição escandinava de se permutar ovos e sobre o cristianismo que transmutou seu significado pagão e a relacionou com a festa da Ressureição de Cristo.

A Páscoa é uma festa ou efeméride estreitamente ligada à astrologia, aos equinócios, à primavera e outono. A Igreja Católica instituiu que a Páscoa seria no primeiro domingo após a primeira lua cheia do equinócio de primavera, no hemisfério norte, e equinócio de outono para o hemisfério sul. Essa celebração tem suas origens, então, nas relações astronômicas da Terra com o sol e a lua. Cada dia da semana está relacionado a um planeta. Em verdade, nosso calendário, ciclos anuais, meses e dias, são medições extraídas da ciência astrológica dos nossos antepassados: a astrologia é a mãe da astronomia atual. E para as ciências anteriores às de hoje, o sol era um planeta e domingo era o dia do sol. Para o velho oriente e as suas numerosas civilizações o domingo é o dia do sol e o primeiro dia da semana. Nesse conceito cada domingo é uma ressureição da semana, que renasce para mais uma jornada de sete dias, que, por fim, completa um ano. São as medições dos homens registrando o tempo e seus ciclos maiores e menores, que regem os dias e as noites, luas, estações e todo o “temperamento” da Natureza naturada em nosso planeta, submetido este, também, às influências e impactos do meio ambiente, qual seja, o espaço sideral por onde caminha e vive em seu perene itinerário em volta do sol, que, por sua vez, percorre seu caminho em volta de outro sol, ou seja, a estrela Sagittarius A, no centro da nossa galáxia. Não podemos dissociar o espaço sideral de nós, estamos (e somos) nesse mesmo espaço.

No final das contas, as religiões e tradições de hoje, quer admitam ou não, continuam a seguir os mesmos ritos das religiões e tradições dos povos de ontem, ainda que com nomes e cerimônias diferentes. Quase sempre a humanidade se repete e com a Páscoa não é diferente. Naquele ano de 1945, sobre a Páscoa assim se expressou, então, Henrique José de Souza:

“O termo PÁSCOA provém do hebreu PESAG (Pessach), que quer dizer: trânsito, passagem, etc. No inglês, é equivalente a EASTER que, por sua vez, provém de OSTARA, a deusa escandinava da Primavera. Era o símbolo da Ressurreição de toda a Natureza. Por isso mesmo, adorada no começo da estação florida.

Era costume entre os antigos escandinavos, na referida época do ano, permutar “ovos de cor”, chamados “ovos de Ostara”, que acabaram sendo os atuais “ovos de Páscoa”. Segundo está expresso na obra “Asgard e os Deuses” (melhor dito, a Agartha, Asgardi, etc, Terra dos Deuses), o Cristianismo deu outro sentido a esse antigo costume, relacionando-o com a festa da “Ressurreição do Salvador”, o qual, como a vida latente no ovo, “dormiu três dias no sepulcro”, antes que despertasse à nova vida.

Tal fato era muito natural, porquanto, CRISTO é um termo que se acha identificado com aquele mesmo Sol da Primavera, que desperta em toda a sua glória, depois da lúgubre e prolongada morte do inverno. Ademais, seu número cabalístico sendo 608, faz lembrar o de um ciclo solar. Para a Teosofia, os sóis são regidos por outros sóis que são regidos por outros. Por exemplo nosso sol gera entorno de outro estrela e esta vai girar entorno de outra, a origem de um é aquele maior imediato a ele, daí se falar em Sol oculto, ou seja, está por traz ou antecede, cria e nutre sua projeção logo abaixo. O culto ao sol, muitas vezes, não entendido pelo  doutos de hoje em dia, e sempre apontado como uma fé infantil por parte dos nossos antepassados, na verdade, guarda mais coisa do que puderam supor os acadêmicos modernos. Alguns povos antigos tinha conhecimentos astronômicos muito além do culto e foi através deles que entenderam e mapearam o tempo e espaço da vida na terra. 

Esta mesma ideia, embora que, ligeiramente velada (com seu Véu ou Maia), a expõe Goethe, na belíssima e pitoresca cena do Domingo de Páscoa, na primeira parte do Fausto. Uma das provas mais visíveis da íntima relação existente entre o Cristianismo e o Culto do Sol e da Lua – como no Egito, o de Osíris e Ísis – é aquela de haver fixado, a Igreja Romana, a festa da Páscoa da Ressurreição no domingo (como se sabe, “Dia do Sol”), que segue imediatamente ao décimo quarto dia da Lua de março. “Por sua vez, os cristãos do Oriente celebravam a referida festa no décimo quarto dia da Lua”, ou seja, o que segue ao equinócio de primavera, pouco importando o dia da semana em que caísse. Daí, o nome que se lhe deu de “quartodecimans”. Por outro lado, vemos uma nova relação entre a festa pascoal e a vida da Natureza, na significativa distinção entre a Páscoa da Ressurreição ou a florida – assim chamada por ter lugar na época do florescer das plantas, e a Páscoa de Pentecostes, designada vulgarmente em Catalunha, pelo nome de Granada, a qual é celebrada sete semanas mais tarde, ou seja, no tempo em que começa a colheita dos frutos da terra, e quando, nas Escrituras é designado pelo nome de “Festa das Primícias”, que celebravam com grande solenidade, os Judeus, cinquenta dias depois, também, da primeira Páscoa.   

Quanto ao termo Ressurreição, nossa Obra, por sua vez, o assinala em diversas das suas Efemérides, mas que, infelizmente, não podem ser trazidas para o mundo profano. Pentecostes (do hebreu), quer dizer: Quinquagésima. É a festa que celebra a Igreja Romana, cinquenta dias depois da Páscoa da Ressurreição, porque, no referido dia – segundo se lê em Atos (Feitos) cap. II, “O Espírito Santo desceu, em forma de línguas de Fogo sobre os Apóstolos, que logo começaram a falar diversas línguas”, ou seja, o mesmo fenômeno do despertar de Kundalini, que fez do discípulo um Adepto, um Iluminado ou Homem Perfeito, justamente por ser envolvido na Mente Universal.

Já se viu a razão da escolha do Domingo para a Páscoa e, portanto, temos também o direito de lembrar uma das muitas razões de nossa Obra, florescer, na “Terra da Brasa,” (ou Brasil), melhor dito, do “Fogo Sagrado”, a 10 de agosto de 1924, porquanto, esse espiritual florescer, teve lugar três anos antes, ou seja, a 28 de setembro de 1921 e em plena Primavera… Nesse caso, um período de espera, sono ou Pralaya, pois que aí o que prevalece é o número e não o tempo, na razão da “vida latente num ovo ou sepulcro maior”, que é o do próprio Cosmos, justamente por obedecer à Astrologia, e tudo mais quanto dizia respeito ao Domingo ou 10 de agosto de 1924, no ambiente, envoltório, casca terrena, etc. onde a mesma deveria firmar-se.

Por outro lado, a palavra Domingo (Domenicus) se acha estreitamente ligada à grega Demiurgo, que entre os gnósticos, é “O Criador do mundo”. Baco, o deus da Mitologia romana, e dedicado à cultura do vinho; e o mesmo Dionisios grego. Ambos, entretanto, representam duas das várias formas ou expressões que toma o “Deus único e verdadeiro”, através das suas múltiplas manifestações ou criações no mundo terreno.

Nas escrituras ocultistas e teosóficas, o Sol Espiritual está oculto, ou por trás do pseudo sol físico que concorre para os dias e as noites em nosso planeta e outros tantos fenômenos, conhecidos e desconhecidos da própria ciência oficial. Para alguns, isto é, os que, de fato, perscrutam os mistérios do Infinito, o Sol Espiritual a que acabamos de nos referir, por sua vez, é aquele que tem direito ao nome de MERCÚRIO. Razão pela qual, Gautama, o Buda, respondeu a um dos seus discípulos mais avançados, o mesmo quando lhe perguntou sobre “o que está acima de Brahmã?”, com esta única palavra: PARABRAHMA. E acrescentou: “E não me perguntes mais nada”.

Ora, “Para”, em sânscrito, quer dizer “Além” (mais adiante, acima, etc.). Por nossa vez, não podendo dizer mais nada sobre as excelsitudes de nossa Obra, a não ser o que já temos dito até hoje, inclusive neste mesmo trabalho, responderíamos a quem desejasse ir mais adiante às suas descabidas perguntas: “Para lá, mais adiante, além-Akasha… do próprio NIRVANA. Passaríamos, com certeza, por LOUCO, mas, esse termo tanto provém do Logos (ou verbo no grego), como de LOKA (sânscrito) que quer dizer “lugar”, região, etc. Nesse caso, outro lugar ou estado de consciência no qual muitas vezes nos colocamos, principalmente quando não queremos dar respostas às perguntas dessa natureza, a quem, por sua vez, não se encontra num lugar ou estado de consciência capaz de compreender as nossas palavras… Além do mais, seria estabelecer confusão no espírito do interlocutor, qual aconteceria nas escolas primárias, se um professor quisesse ensinar altas matemáticas a alunos ainda às voltas com as “quatro primeiras operações”.

O termo impúbere-psíquico – ao qual nos referimos a cada passo – responde pelo resto, isto é, “alma jovem”, pessoa não possuidora ainda de uma consciência bastante evoluída, para poder compreender assuntos que esse mesmo vulgo denomina de “transcendentes”. Donde a necessidade da adoção das religiões para uma grande maioria da Humanidade, como já tivemos ocasião de dizer no início deste nosso humilde trabalho.

Volvendo ao termo Pentecostes, também era celebrada pelos judeus, com grande pompa, cinquenta dias depois da Páscoa do Cordeiro, em memória da Lei, ou dos mandamentos dados a Moisés no Monte Sinai, “cinquenta dias depois de ter ele deixado o Egito”. Razão pela qual também a denominaram de “Festa das Primícias”, porque, no referido dia os israelitas levavam ao templo as “primícias dos frutos de seus campos”.

Tudo isso obriga-nos, também, a falar do termo Solstício, porém, desta vez, servindo-se das palavras do erudito sanscritista francês Emile Burnoff: “O culto cristão obedece à marcha do Sol e da Lua”. O nascimento do Cristo coincide com o Solstício de Inverno; a Páscoa segue, de perto ao equinócio da Primavera. No Solstício de verão é celebrada a festa do Precursor (o Arauto, o Jokanan ou Yokanan, etc.), quando se acendem as “fogueiras de S. João” (na mitologia grega, também se acendem os “fachos ao deus Yaccho”). As demais festas são distribuídas, metodicamente, pelas outras partes do ano, seguindo uma ordem comparável com a das “cerimônias védicas”. 

Deve-se notar, acrescenta o referido autor, que o Solstício de inverno ocorre quatro dias antes da Natividade, e o do verão, quatro dias antes da Festa de S. João. O dia da Páscoa é regulado pelo equinócio, embora tenha lugar em um Domingo, ou seja, o que segue ao plenilúnio, depois do equinócio da Primavera. Pelo que se vê, pouco importando os nomes dos santos, seja do que for, tais festas são antiquíssimas, pois que sempre coincidiram com os solstícios. Sendo de cinquenta segundos por ano a precessão dos equinócios, acontece que, quatro dias correspondem, aproximadamente, a 7 mil anos; porém, os quatro dias podem não ser completos.

Em resumo, se tudo no Universo obedece às leis, por sua vez, regidas por uma Força única, é lógico supor que, as próprias manifestações da Divindade (Avataras, etc.) também estejam sujeitas a essas mesmas leis… E assim, o que é Cósmico, seja obrigado a tomar forma humana, na razão do “Verbo se fazer Carne e o Filho se fazer Luz”… E com isso, desde as menores as maiores hierarquias celestes, se acham em função neste mesmo globo em que somos obrigados a viver…

Já na Atlântida, a Oitava cidade, onde se ocultava o Celestial Mistério, como Síntese e Origem das demais cidades, cada uma delas governada por seu Rei, ou seja, os tradicionais REIS DE EDOM (do Éden ou “Paraíso terrestre”) era chamada de APTA.

 E tal nome significa: “Lugar onde nasce o Sol”, Oriente, etc. Mas também, Presépio, Manjedoura, Creche, Berço, etc., etc., o que vem provar, não só a questão cósmica, como a puramente terrena, física, material, etc. no sentido de nascimento de um ser humano, criança, etc. No sânscrito, pois que a velha Índia (ou Aryavartha), do mesmo modo que o Egito representou o “Pai-Mãe da Humanidade”, como nós mesmos os cognominamos – a palavra APTA, (além dos significados que já lhe demos anteriormente) quer dizer: – “Aquele ou Aquilo que atinge a Consciência do Eu”. Nesse caso, tal cidade, lugar ou região conservava em si, “por trás daquelas altíssimas muralhas”, que a cercavam, mais astral do que fisicamente, algo tão excelso, tão divino, que seria o mesmo que dizer, segundo o significado sânscrito de APTA, “a própria Consciência Universal”, pouco importa a maneira pela qual a mesma se manifesta.

Em hebreu o termo, CAIJAH, como “Segundo poder de Neshamah”, representa o “Oitavo princípio do Homem”. Ora, se este, teosoficamente falando, possui “Sete princípios”, é lógico deduzir que o “Oitavo” se acha fora do referido ser, embora se refletindo no seu imo ou interior.

 Donde a existência de um “liame espiritual”, chamemo-lo assim, o qual as mesmas escrituras denominam de Sutratmã ou “fio de Ouro” (“Colar de Sutratmã”), não esquecer   que o mesmo “sistema planetário” possui um Sol central ou “oitava coisa”, girando em seu redor, sete globos, astros ou planetas.

Os deuses da Mitologia egípcia, por exemplo, além de representações, ao mesmo tempo, humanas e animais, (relacionados com as duas cadeias da evolução da Mônada: lunar e terrena), os mais excelsos eram francamente cósmicos, como por exemplo: Osíris, o Sol, e Isis, a Lua. Seu filho era Hórus, que, a bem dizer, formavam uma “Sagrada Família”, como aquela da Igreja Romana, conhecida como José, Maria e Jesus.”

“Nossos textos representam, exclusivamente, as ideias e opiniões dos idealizadores da Poliética”.

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