“Amor e de Fraternidade” – Capítulo #07 DE 10

De que valem, pois, as contínuas pregações de Amor e de Fraternidade, se tais discursos devem ser praticados e não somente ouvidos e lidos pelos que não cede uma linha, na sua conduta egoísta e ambiciosa? Como amanhar estes terrenos sáfaros, afim de que germinem, floresçam e frutifiquem as sementes benditas da Paz Universal? Curvam-se amedrontadas as humanas criaturas, quando contemplam a obra infalível da chegada dos tempos. E querem aplacar o que elas, na sua ignorância, classificam de “cólera divina” por meio de procissões, mortificações, jejuns e preces pelas ruas!

Mas o Pai Celestial é AMOR, não é “cólera” – é BENÇÃO e não “maldição” – é HARMONIA e não “discórdia” – é VERDADE e LUZ e não “mentira e trevas” – porque não procuram, de preferência, pelo AMOR – os acovardados com os efeitos dos tempos chegados – iluminar as suas almas para compreenderem a VERDADE?

Temos o dever de anunciar que , efetivamente, os tempos que se esperavam já chegaram… Estamos neles e neles vamos desenvolver a nossa atividade, definindo sem subterfúgios e conscientemente, a nossa situação. Somos nós, homens, que criamos este ambiente de horror e desespero que após queremos conjurar com palavras e atos, mas, que por esse meio não ficará destruído. É o tempo, portanto, de voltarmos as nossas vistas para os assuntos que consultam ao progresso espiritual dos homens. Devemos procurar os caminhos que nos conduzem àqueles conhecimentos e pedir o auxílio dos que podem prestá-lo com vantagem e segurança. No Oriente, encontramos a sabedoria Filosófica e Religiosa que difunde pelo mundo inteiro os ensinos teóricos e práticos, para o estudo da Ciência Eterna e Sagrada. Quando o Príncipe Sidharta apareceu nas Índias para esclarecer os pontos controversos das especulações doutrinárias, as suas palavras não foram de pronto compreendidas. Os “bramanistas” e os “sakyas”, os “vedantistas”, etc., não puderam admitir que Sidarta pusesse de lado a “forma” das suas doutrinas e desejasse tão somente a divulgação da sua essência.

Do mesmo modo, que seiscentos anos mais tarde, Cristo condenava a malícia, a hipocrisia, o egoísmo e o formalismo dos fariseus, doutores da lei, que nas Sinagogas só procuravam interessar ao povo rude e humilde nas cerimônias externas do culto, e em uma igreja que não era a sua, calando completamente a interpretação esotérica dos textos e dos rituais. Sidarta também censurou nos “brâmanes” o seu apego radical à letra dos evangelhos, a preocupação pelas formalidades litúrgicas e o exclusivismo egoístico das suas práticas, criando o privilégio das castas e as regalias antifraternais que desfrutavam. Sidarta explicava que as especulações a respeito de Deus não deviam ser feitas por aqueles que nem sequer sabiam o que era o mundo e o que era o Homem.

Se este ignorava até a causa do seu próprio sofrimento, como pretendia penetrar nos arcanos da vida do Criador? E dizia: “a causa do sofrimento é o DESEJO de viver e gozar as delícias do mundo e, em última instância, a IGNORÂNCIA de que este desejo procede. O meio de abolir esta ignorância e, por conseguinte, o de abolir também o sofrimento, é a aniquilação deste desejo, renunciação ao mundo e o MAIS ILIMITADO AMOR A TODAS AS CRIATURAS”. Sidarta estabelecia como ponto de partida deste AMOR, a afeição filial. O AMOR MATERNO era a síntese de todos os outros, e achava dificílimo que de um mau filho pudesse provir um HOMEM DE BEM…

E à medida que Sidarta espalhava os seus ensinos, iluminava com a sua sabedoria os caminhos que conduziam à VERDADE, vindo daí o cognome “BUDHA”, que quer dizer “ILUMINADO”.

Ser “Budha”, portanto, é ter realizado esta iluminação e compreendido o alcance da sua doutrina, praticando-a com perseverança e com esclarecida consciência. Eis porque nas Índias os grandes iniciados são denominados “Budhas”, ou seres que conseguiram, pela perfeição intensa do seu caráter, realizar a conquista suprema da Espiritualidade, ou seja, atingir quase o término da sua paciente e acidentada peregrinação.

As várias maneiras de cada um expressar o culto externo da sua religião dependem da época e do preparo intelectual da humanidade. As religiões também evoluem, acompanhando pari-passu o avanço progressivo dos povos. Os próprios Instrutores da Humanidade comparecem à Terra segundo as necessidades desta.

Moisés veio evangelizar um povo corrompido pela idolatria. Era natural que empregasse no momento os meios indispensáveis para chegar a seus fins. Passando a fio de espada os idólatras e quebrando indignados, as Tábuas da Lei, nem por isso deixou de ser o Grande Iluminado que todos nós reconhecemos. Tampouco isto o impedia de manobrar (como ocultista que era), as Forças da Natureza, fazendo jorrar água do monte Moreb e separando as águas do Mar Vermelho para dar àqueles homens ingratos, insatisfeitos e murmuradores, a posse de uma Pátria!

Para a Grécia veio Orfeu, mavioso e sonhador, com a arte mágica de arrancar da sua Lira, arpejos melodiosos que comoviam e faziam gemer as próprias pedras!

Jesus, o doce e meigo rabino, deixou-nos a história emotiva do seu nascimento, vida, paixão e morte, onde a humanidade atual procurar tecer os seus deliciosos ideais de regeneração, de amor, de fraternidade… Esbofeteado numa face, Ele apresenta ao réprobo a outra, dando-nos o mais sublime, o mais edificante, o mais incompreensível exemplo de cordura e de resignação!… O que fez Ele, porém, quando os vendilhões do Templo prostituíam a “Casa de seu Pai”? Vergastou-lhes as caras, expulsando-os de lá, fremente de santa indignação. Por que este gesto violento, que contrasta, à primeira vista, com a Sua Infinita Humildade? Por que a Obra de Seu Pai era Divina, era a VERDADE ETERNA e INFINITA, que para aparecer rutilante e majestosa, põe abaixo todo um sistema planetário, quanto mais uma centena de traficantes!…

E assim, sucessivamente, vão aparecendo e desaparecendo religiões, vão surgindo e submergindo continentes, vão nascendo e se transformando as raças. Tudo isso, porém, é imprescindível como aparelhamento para desobstruir, preparar e iluminar os caminhos que nos conduzem ao conhecimento da VERDADE. E todos estes sistemas filosóficos que nos servem de intérpretes para a função religiosa, vão passando pelo mundo como velharias após terem preenchido todas as formalidades, como razão de ser da sua época. O que hoje se propaga como a última palavra da essência religiosa, como sendo a última Vontade do Pai Celestial, é, com efeito, o foco luminoso que nos conduz até Ele. Amanhã, porém, tudo isto estará no rol das velharias, por já ter aproveitado a evolução das raças, ajudado o progresso da humanidade atual e já haver outros faróis de maior potência luminosa que continuarão a sua grande Obra.

Próximo capítulo: https://www.eubiose.org.br/paz-capitulo-08-de-10/

🔎 Série de 10 capítulos pertencentes ao artigo “Mensagem de Dhâranâ ao povo brasileiro”, escrito pelo Professor Henrique José de Souza, em 1925, na revista Dhâranâ n° 0.

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