CRÔNICA

O Futebol e a Iniciação na Pátria do Avatara

Por Ezio Garcia

Quiseram os Deuses do futebol que São Paulo e Flamengo fizessem as finais da Copa do Brasil nos dias 17 e 24 de setembro próximos. Ambos reúnem duas das maiores torcidas do país – Flamengo, a primeira, e São Paulo a terceira.

Com estes ingredientes, que envolvem multidões, será, sem dúvida, um espetáculo da raça, uma mostra do que se possui de melhor no esporte bretão, aquele que já foi considerado o país do futebol. Já foi?

Sim, já foi, não é mais. Basta examinar nossa dura realidade nesse quesito. O fim do ciclo do futebol na Pátria do Avatara começou a se desenhar com os sucessivos fracassos e eliminações da seleção canarinho nas Copas do Mundo pós-2002, a última em que o talento da raça prevaleceu em campo. De lá para cá, só fracassos. Antes disso, a última grande apresentação foi na Copa de 1970, no México, 32 anos antes, espaço de tempo em que os fracassos também se sucederam.

E culminaram com a histórica e vexaminosa derrota para a Alemanha por 7 a 1, em 2014, em pleno Mineirão, na Copa disputada, vejam só, no Brasil. As eliminações continuaram em 2018 e em 2022 – esta última ainda na fase de grupos. O jogo do Mineirão em 2014, em nossa opinião, foi um recado claro e definitivo dos deuses do futebol ao povo brasileiro. A surra – verdadeira tragédia nacional – se deu em solo pátrio, diante de sua torcida, em nossa própria casa. Mais claro não poderia ser: acabou o período do Brasil malandro, brejeiro, que resolve tudo de improviso, que desconcerta as defesas adversárias com um simples gingar de corpo, que tem sempre uma solução genial para tudo. Não pode e não deve ser assim. Lembremos do simbolismo do futebol ensinado em nossa escola iniciática: 22 em campo, representando os 22 Arcanos Maiores, 11 para cada lado – o Arcano da força e da coragem. A partida – uma encarnação da Mônada – é dividida em dois tempos, em que as equipes mudam de lado a cada tempo, simbolizando que o Bem e o Mal não existem, são partes da mesma estrutura, do mesmo conjunto, ou da mesma ideia.

O árbitro, impassível e inexorável, representa os Lipikas, os Senhores do Karma, que apontam as infrações cometidas pelos jogadores (Jivas em evolução), ações não previstas nas regras do jogo; e lhes validam as boas ações ou jogadas. A bola, ou Mônada, corre de pé em pé, de Arcano em Arcano, recolhendo experiências para a sua realização final, a volta ao Seio do Pai, que é a conquista da auto-consciência.

E o campeonato dura 777 partidas ou vidas. Quem se classificar segue em frente em sua evolução, quem não se classificar – reunir condições físicas, psíquicas e espirituais para passar para a etapa seguinte – é rebaixado, depois de todas as chances de repescagem. Assim é a vida, a iniciação e o futebol. São valores universais. Então, qual o recado dos deuses naquele fatídico 7 a 1 no Mineirão? Em nosso entendimento, como discípulo de JHS, o recado foi simples e direto: a Pátria do Avatara não pode e não deve se resumir no estereótipo de país do futebol. Pelo contrário, nosso país é o país da essência das coisas.

Este esporte, com seus ídolos e ícones como Pelé, Garrincha e outros, divulgou o Brasil mundo afora, descortinou, maravilhosamente, pelo planeta, as qualidades da nossa gente, de nosso povo, sempre vitorioso e altivo, cordial e fraterno; mostrou ao mundo a estética da alegria e da espiritualidade, a magia da arte que encantou multidões na prática do esporte da vida, o futebol.

Aos poucos, o que era natural se tornou profissão, negócio das arábias, onde não faltam fraudes e corrupção, um mundo de cifras bilionárias que extrapolaram a pureza original, onde o talento, a graça e a paixão, vinham antes do dinheiro.

O Brasil não pode ser representante desse estado de coisas. Somos a Pátria de JHS, dos Gêmeos Espirituais, de Maitréia Buda, de José de Anchieta, Tibiriçá, Diogo Álvares Correia, Paraguaçu, Rui Barbosa, Tiradentes, JK e tantos outros. Somos a Pátria dos Excelsos Dhyanis, com suas Sete Tônicas do Saber vibrando em nossos Três Sistemas Geográficos, espalhando para o Brasil e o mundo a verdadeira arte, a arte do bem viver, a arte do Bem, do Bom e do Belo, rumo ao futuro. Isto sim é o que somos. “Daqui para frente, chega! O sonho acabou, vamos olhar e cuidar do que realmente somos, a Pátria do Avatara”, teria sido o recado do Eterno nas entrelinhas daqueles 7 a 1 em 2014, sintetizando, dolorosamente, um processo que está em pleno andamento.

Dura lex sed lex – A Lei é dura, mas é a Lei. Ainda que, certamente, a magia esteja de volta nas finais da Copa do Brasil, as dezenas de milhões de reais que estarão em campo entre salários dos jogadores, direitos de transmissão (TVs), patrocinadores, etc, enquanto centenas de milhares de pacientes esperam por cirurgias nas filas do SUS, tiram a espontaneidade do evento. Aquele sonho, de fato, acabou. No futebol brasileiro, cabe aquela frase do genial e incomparável Millôr Fernandes: “O Brasil tem um passado enorme pela frente”.

Nossos textos representam, exclusivamente, as ideias e opiniões dos idealizadores da Poliética.

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