A Eubiose na Música – Parte II: A música clássica

A EUBIOSE NA MÚSICA – Parte II – A música clássica

 
Maestro Walter Smetak

Necessário se faz falar dos máximos marcos componentes de alguns autores do período, ao alcance da nossa memória.

Seja firmado isso com os nomes de Palestina, Bach, Mozart, Beethoven, Mendelssohn, Wagner e por último, Debussy, Ravel, Stravinsky e Hindemlth, que podemos considerar como uma alma-grupo.

A época de Palestina significa a música religiosa mais pura da Cantata cantada, de um Cristianismo já sectário, alcançando em Bach o seu apogeu. Música de efeito grandioso na sua mística gótica, contemplativa, elevando o homem pelos céus, em vez de para dentro da terra, a olhar extrospectivamente em vez de introspectivamente, música verdadeiramente esotérica em vez de esotérica, adorando uma divindade como se ela fosse de forma humana, lembrando os quadros de Durer daquela época, já demonstrando a deficiência de um cristianismo dogmático, estas representações já não eram mais representantes de alguma cousa tulkuística.

Isso é que foi visível em todos os aspectos, enada mais, determinando a luz astral do céu azul, lugar de reconhecimento devacânico, que outrora era a Divina Mãe ou Akasha, em forma de um Ramakrisna.

Veio depois AMA-DEUS, aquele que amou Deus, Mozart, cujas músicas nos contam do segundo Trono humano e Divino, fazendo sentir a onipotência divina na Natureza. Não emocional, e como tom moderníssimo na sua facilidade e felicidade de conversação e doçura.

E vem Beethoven, o libertador das formas tradicionais, baseando-se ainda em Mozart, transformando esses elementos em grandiosa rebeldia assurica, superhumana, e sublimando-se, ele mesmo, nessas três etapas – Transformação, Superação e Metástase. Serve ele de exemplo da palavra renúncia. A metástase de Beethoven é comprovada pela sua Ressurreição.

Uma das características de Beethoven são as pancadas como “sforzatto”, causando verdadeiros turbilhões de silfides, dando a impressão como se um gigante estivesse batendo no portal de uma montanha, pedindo entrada no mistério ali existente, como se gritasse “Abre-te Sésamo da Terra”.

O grande poder da intuição de Beethoven revela-se na 5a Sinfonia, chamada a Sinfonia do Destino, dando motivos de meditação sobre essas pancadas, querendo apontar justamente a contradição dos conceitos profanos. É a sua música dizendo: Não há Destino! Por outra vez aquelas pancadas da Quinta, quatro em conjunto, repetindo-se continuamente no primeiro tempo dessa sinfonia com o ritmo seguinte: … O … O (tá tá tá táaaaa… tá tá táaaaa…) não são nada mais do que a causa do despertar de kundalini do Muladara, ou se algum Pai Divino dava aquelas pancadas em seu filho desobediente na Quarta Ronda ou Quinta Raça Mãe, querendo dizer assim: despertai, acordai, meu povo; chegou a hora do Cristo vivo.

Querendo dar ainda outro ponto de referência Importante, aponta-se o grande cântico do último tempo da Nona, que se baseia nos versos de Schiller, titulando o Jivatmã Universal, que jaz no peito de todos os homens como faísca divina.

E aparece como nova estação na evolução da Mônada, no palco do mundo, o elegante, primaveril Mendelssohn, já com tintas ilustrativas, musicando o Hamlet de Shakespeare, como a música “Uma noite de Verão”, com timbres decorativos.

Se Beethoven anunciou a música do programa, Mendelssohn já está nesta medida.

Surge Wagner, o grande Jina sem escola, sem tradição profana de Conservatórios, destas escolas anteriores, autodidata, por assim dizer, autor de obras cíclicas de durações longas corno os Niebelungen, espetáculos de duração de algumas noites, revelando as lendas antigas mitológicas germânicas, permitindo até hoje na massa profana e não Iniciada as mais múltiplas Interpretações, mas para os poucos que entendem, apontando para o Ciclo de Aquários.

Richard Wagner, mitólogo e Ocultista, como o chamava Mario Roso de Luna, realizou com seu gênio a grande alquimia de todos os elementos componentes de um espetáculo grandioso da Cosmogênese das Idades.

Assim chegamos ao fim do ciclo de Piscis, não falando de muitos outros que ficam como intermediários nesta corrente de pérolas musicais.

Remanescente da Atlântida, Lemúria, Debussy, o cantor do Mar fatalista, descreve os jogos da água e das gotas d’água, que voltam, fundindo-se no grande oceano aquático (não akashico), dando a impressão certa de que são sempre as mesmas chuvas que molham a face da terra desde a Atlântida até hoje.

E a música dos reflexos impressionistas também produzindo perfumes. Se Debussy foi o artista do expressionismo e do impressionismo, usando tintas leves como pastel e aquarela, criando uma escola “à Ia gourmand”, francês, revivendo pinturas faunísticas, impressões que ele foi buscar no astral bastante voluptuoso, continua a música ibérica nessa tradição por ele iniciada, levando todas essas criaturas recreadas pelo expressionismo num solo mais ardente, apaixonado e sanguíneo.

Usando Ravel principalmente elementos folclóricos dos mouros árabes e do figurismo oriental do oriente médio, deve-se chamá-lo ao mesmo tempo pintor e músico das noites escuras e negras. O panorama de cores é o vermelho, prata, cinza e preto. A hora dos acontecimentos é depois da meia noite, hora zero, ou como fosse a hora do eclipse máximo noturno.

Contrastes, dualidades, doçura e temor, os extremos, gestos da grande fidalguia caindo no plebeu, revivendo a grande Atlântida. Música de caráter dançante com enorme vivacidade apenas física, jogos de espadas que só poderão fazer honra a um mago negro. Por outro modo, cenas de abandono, solidão em desertos petrificados, secos, sem vegetação como os únicos visitantes urubus e ventos. Música que se pôde chamar psíquica, fala ela bem alto de grandes festas populares, onde é sacrificado o touro, animal, cujo aspecto feminino em outro país, na Índia, é sagrado (Arcano VI).

Insiste a música ibérica, na sua tradição, não permitindo diferença alguma de outras escolas, dando padrão à música itálica não evolutiva, seja por razões religiosas, ou por querer manter tradições antigas e já passadas.

Vamos falar agora de um autor que vem de uma outra terra, cuja civilização, por lei cármica, se baseia em instituições políticas e filosóficas de cobaia de outros: a Rússia.

Chegamos a Stravinsky, músico este que nos traz a Idéia de conceitos, que o autor julga novos e modernos, de espécie realística, com um tom de dissolução e revolução musical.

Alcançamos o último destas considerações: Hindemith. Volta este aos sons da maneira gótica e ao modo mui profundo de um Bach, moderníssimo, um Cristo de letras bíblicas em suas interpretações mortas, ao pé da letra, trágico de dores e de guerras, de uma época que abrange o milênio que não chegou a entender a sua finalidade, na sua psíquica sensibilidade, chocada com a palavra vivificadora: morte, vida, ressurreição. A máxima obra a que se refere esta observação (não critica) é a belíssima obra – Matias, o pintor. Ela fecha o ciclo.

Resta ainda levar mais uma vez em consideração o retrato fiel de um milênio só, como resultado da evolução, ou seja, o tempo que nos toca, a transformação de Bante-Yaul em Munindras, através da música ou arte artificial, se originando em uma outra, sublimando as dores em artes ou passando os estágios.

Continua…

Publicado originalmente em Dhâranâ nº 07/08

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