V PRÊMIO HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA DE LITERATURA

V Prêmio Henrique José de Souza de Literatura

Por Mauro Leslie

Troféus do V Prêmio Henrique José de Souza de Literatura.

O i-Cultural promoveu a quinta edição do Prêmio Henrique José de Souza de Literatura, em Nova Xavantina, Mato Grosso.

O 1º lugar da Categoria Poesia foi para Sinara Laurini Rossato, de Uberlândia, Minas Gerais, com a obra “Caro Leitor”. Já o 2º lugar é de Janderson Lira da Silva, de Manaus, Amazonas, com a obra “Hospedaria de Abstrações”. O 3º lugar é de Kenio Roberto Cabral Nogueira, de Joinville, Santa Catarina, com a obra “Cadê o deslumbramento da humanidade?”. Confira abaixo a poesia vencedora:

“Caro leitor

É a você que escrevo

A você, que não sei quem é

Não sei o que faz nem por que me lê

A você escrevo, porque quero dizer-te

Ou converter-te

Ou consternar-te

Sinto frio

Frio de medo e de loucura

Quero alguém que se envolva em mim, e me aqueça

Quero você, que me lê e que pode ser quem quer que seja

Quero você Mesmo que não me compreendas

Quero você, mesmo que me julgue

Mesmo que me odeie

Não preciso que me ames, mas se assim for, faça-o

Faça o que quiser com o que retiro de dentro de mim e te ofereço

O que lês em mim será teu, e só teu

Te dou-me eu para seres quem és

E quando o faço, me des-pertenço

E adoro não pertencer

Escrevo cada vez que morro

É minha forma de ressurreição

Espero que o que te escrevo acenda uma fogueira em ti

Desencadeie uma enchente, se fores tu um ser das águas

Enterre-te a sete palmos, se fores da terra

Te disperse, se fores de ar

Pouco me importa!

Ou melhor: de tudo me importa

Quero tocar em ti, completamente

Não quero ficar na tua memória

Quero compor a tua mente

Aquela que se alastra por todas as moléculas do teu corpo e faz de ti o que tu és

Quero te ter e te apreender durante todo o tempo em que me lês

Quero te ser

Quero que me tenhas e torne o que quiser de mim

Quando te escrevo me dou completa para ti

Sou tua aqui, e agora, e amanhã, e sempre

Estou toda em teu poder

Entrego-me nua e desprotegida

Entrego-te meu reino e minha alma

Meu ser e meu ter

Meu assoalho que se abre sob mim

Me deixo cair em você

Estou em queda livre

Não se engane com isso tudo isso que te digo

Não faço por ti

É por mim que escrevo

Sou mesquinha e egoísta

Preciso que me leias

Preciso que alguém me retenha em si, pois não posso reter-me

Preciso me decompor

Transforma-me em ti

Faça isso por mim

Preciso ser transcrita para o teu idioma

Para tua língua

Quero tocar tuas papilas gustativas e despertar as mais picantes e amargas sensações

Quero te excitar, te enojar, te eletrizar a espinha dorsal, ou te adoçar a saliva

Quero estar dentro do que tua pele cobre

Quero ser-te o que quer que sejas

Compor o líquido que te permeia

Quero abraçar o poder de prender-te no meu discurso

Ainda estás aqui, não estás?

Preciso te alertar S

e estás aqui, estou conseguindo

Estou te algemando a minha loucura

 Estou te aliciando a cometer crimes comigo

Não resista

Faça como eu: entregue-se, pois não nos pertencemos”

Sinara Laurini Rossato

“Nossos textos representam, exclusivamente, as ideias e opiniões dos idealizadores da Poliética”.

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1 comentário em “V PRÊMIO HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA DE LITERATURA”

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