Artigos
Hércules e os Doze Trabalhos - Parte I
- As lendas da antiguidade, cristalizações poéticas dos ensinamentos emanados dos templos, referem-se, com insistência, a um pais maravilhoso, na região onde o sol se põe, isto é, no ocidente. Os papiros egípcios citam-no como o Amenti, ou melhor, Amen-Ti, o Pais Oculto e também...
HÉRCULES E OS DOZE TRABALHOS OU A EUBIOSE E AS DOZE CASAS ZODIACAIS
Parte I
por Prof. Henrique José de SouzaAs lendas da antiguidade, cristalizações poéticas dos ensinamentos emanados dos templos, referem-se, com insistência, a um pais maravilhoso, na região onde o sol se põe, isto é, no ocidente. Os papiros egípcios citam-no como o Amenti, ou melhor, Amen-Ti, o Pais Oculto e também, já particularizando determinado lugar dessa região maravilhosa, falam. da Montanha do Ocidente, como sendo a Mansão das Almas osirificadas, justamente onde iam viver aqueles que, iniciados nos mistérios, imortalizavam-se e atravessavam o umbral de Ro-sta. Ro-sta dava para a sala de Maat, a deusa da Verdade.
Ao passar a essa sala, o Adepto, o Osíris N. defrontava-se com os senhores que rodeiam o sol do Ocidente, podendo exclamar as palavras que encontramos no Cap. CXVIII do "O Livro da Morada Oculta": "Eu nasci em Ro-sta. Aqueles que estão entre as múmias me dão os encantos favoráveis no lugar sagrado de Osíris. Meu caminho é nas Moradas de Osíris".
Hieroglificamente, era Ro-sta representada pela cruz ansata. O círculo dessa cruze a boca humana, por onde se manifesta o Verbo; o Tau ou a cruz propriamente dita, ou sta, é o caminho pelo qual vai a Mônada, o Peregrino, o Hansa bramânico, o Cisne Branco do ciclo artúrico ou dos cavaleiros do Santo Graal, Grasalis, o sol místico, no final das contas. A tradição indiana, ao falar dos Jvatmas, as Centelhas ligadas perenemente ao Espírito Universal, enuncia: "Nesta infinita Roda de Brama, morada de todos os seres, peregrina o Hansa, pensa o Eu, deferencia o Governador" (Shvêtashuatara) ".
Foneticamente, podemos ler a cruz ansata, de Ankh, ou da Vida, como – Ra e Ta,Ta-ra, a deusa da Sabedoria na Índia; Ro-Ta, o caminho por excelência, ou Ta-Ro, os arcanos que nas suas lâminas encerram todos os mistérios da Vida.Ro-sta, pois, na linguagem dos hierofantes, era a entrada para a mansão doseleitos, .denominada pelos – latinos – Campos Elísios cujo umbral chamaram de Angus, útero, vereda propriamente dita, onde se verificam as dores do parto. O aspirante à Imortalidade, ao nascer para o Mundo da Verdade, atravessava um portal simbólico e suas angústias são semelhantes às da maternidade. Porisso diziam os místicos cristãos, referindo-se ao Adepto – O Homem das Dores; e podemos recordar uma epístola de Paulo, o Ungido, aos corintos, quando assevera: "Sofro de deres de parto até que encontreis, o Cristo (o Ego Superior, elucidamos nós) no vosso Homem Interno". Na Índia, antes de nascer espiritualmente, o candidato, o discípulo trajado cem vestes brancas oucândidas, atravessava a Vaca . Sagrada, a Vaca de cinco Patas, emblema da Terra, a grande Mãe ou Matar-Rhea (da composição dessas duas palavras surgiu o vocábulo material) Bhumrú". A Vaca Pentapoda era toda de ouro puro, o qual vem a simbolizar o mesmo ouro filosofal dos alquimistas. Passando Ro-sta, o Adepto demandava o Amen-Ti, o qual, no plano histórico, só poderia ser atingido pelos homens depois que "Colombo abrisse a porta de seus mares”, na idéia de Castro Alves; e, muito antes todavia, após Hércules ter afastado a Europa daÁfrica para abrir o caminho para o mundo ocidental, a terra do mistério, os Viajantes desses mares encontraram na África e nas Canárias avisos nos quais se proibia a navegação para o oeste. O consenso universal que prestigiou esses avisos foi anulado por Colombo, que "com três caravelas descobriu um reino que não era o seu” – e a América, veio a ser para a Humanidade a Aurora da Libertação.Passemos agora a estudar os doze trabalhos de Hércules em relação com as doze casas zodiacais pelas quais passou simbolicamente a obra da S.T.B. (HOJE, Eubiose), completando, ao comemorar seu 12o aniversário, um ciclo astrológico. Neste caso a S. T. B. (Eubiose) vem a ser o Sol.Herakles, o deus solar grego, ou Hércules dos latinos, é derivado do nomesânscrito Hari-Kulas, o Senhor Sol, o Espirito Planetário da Ronda, o Mel-Khalt fenício, que quer dizer, o Senhor da Cidade, em correspondência ainda com o Ogma gaulês, nome esse que lido anagramaticamente vem a dar os de Mago e o africano caótico Ogam.
Simbolizam os 12 trabalhos as provas iniciaticas por que passava o postulante.Passado o sol pelas 12 casas zodiacais concluiu um ciclo astronômico e todos os ciclos secretos se baseiam no Simbolismo de Hércules. A precessão dos equinócios, ao fim de 25.920 anos, marca um ciclo grande, ligado ao mistério das, estrelas polares ou o "Olho de Druva", que vela por sua filha – a Terra.
SENTIDO INICIÁTICO DOS DOZE TRABALHOS
1. O Javali de Erimantho – Erimantho é oriundo de Heros Mantheia, que em grego querdizer – o conhecimento do espírito, simbolizado no javali. Esse animal aparece, emtodas as tradições, como Símbolo da Sabedoria Secreta. Adonis, Thamus e outrosiniciadores foram destroçados por javalis.Varaha, o javali, ao contrário, foi quem matou o demônio Hiranyakha, que mergulhara a Terra no abismo das águas.Gautama, o Buda, dizem lendas, morreu de uma indigestão de carne de javali. Aalegoria é clara: foi obrigado a desencarnar, como todos os grandes Iluminados que em excesso deram conhecimentos esotéricos à Humanidade.
2. O roubo dos cavalos de Diomedes – este termo, contração de Dios-Medos, do deus dos medas, dos zoroastros ou guardiões do misterioso Fogo Celeste que se manifestará com Losuóch, na Idade de' Ouro, como o 10o avatara de Vishnu, o Kalkiavatara, o cavalo branco das tradições indianas.
3. O roubo dos bois de Gueryou, dos bois solares, ou de Guer-Io, o Senhor de Ísis, representados, no Egito pelos bois: Apis e Mnenis. E este outro símbolo que se relaciona com o da vaca Pentápoda brahmânica, no que concerne a Osíris, o aspecto masculino da Divindade; ao passo que Io, a terneira cantada do Esquilo, é a própria Ísis, sua esposa e irmã. Mais um passo è compreendemos que a Índia é a Mãe da Humanidade e o Egito seu Pai, porque si o sacerdote da Terra de Khemi era a encarnação do poder filosófico e científico, o Adepto indiano, no seu profundo misticismo, representava a encarnação do Amor, essa característica feminina.Delineiam-se, assim, os dois caminhos apontados em todos os livros sagrados, por nações: Jnana e Bhakti; isto é, Sabedoria e Devoção, os quais se completam com o do Karma, lei de causa e feito bem expresso nos povos da Ásia Menor.
4. O roubo das maçãs de ouro do Jardim das Hespérides – O termo grego Hesperos, Hesper ou Vesper, a estrela matutina e vesperal, Vênus, Lúcifer, Portadora da Luz, Phosphoros, Shukra, de onde vieram, no dizer dos sábios, as altas inteligências cósmicas que deram a esta humanidade o intelecto, representado na mitologia grega por Prometeu. Esse termo, tem patente ligação com Pramanteia, o Pramanta, a cruz védica de onde brota Agni, o fogo sagrado, o espirito que anima. Pois no jardim das Hespérides, as Atlântidas, as sete filhas de Atlas, guardavam os pomos da Árvore da Sabedoria, aquela que os hebreus colocaram no seu Gan-Eden, junto à Árvore da Vida. Ficavam esses maravilhosos jardins na Atlântida, cujos restos, conhecidos como a ilha de Posseidones vem a ser o 4o continente ou o Kusha-dwipa purânico.Transplantando as maçãs para todas a bacia mediterrânea, Hércules fez com que ali florescessem os mais venerados mistérios da antiguidade. Ao simbolismo desse divino roubo (na verdade: uma prodigiosa transplantação de experiências imprescindíveis à evolução humana), prende-se o formidável e capital mistério da queda ou descida no sexo queremos dizer, a perpetuação da espécie mediante a geração sexual, consoante a tradição judaico-cristã ainda conserva apesar de não a saber interpretar.O "pomo de Adão" atravessado, como diz o povo, na garganta do homem, tem, defato, relação intima com o Centro psíquico Vishuda, situado nessa região, o qual tem ligação com Vênus. Como força sutil da natureza ou "tatva", Vênus, é o Akasha, origem psíquica do Som, que faculta ao homem a expressão das idéias. A modificação das cordas vocais, quando o varão surge no adolescente, é prova assaz conhecida e bastantemente comprobatória de que Vishuda e o Sexo influenciam-se mutuamente.
Publicado originalmente em Dhâranâ nº 13 e 14– Janeiro a Junho de 1960
© Sociedade Brasileira de Eubiose® - SBE – Todos os direitos reservadosPermitida a reprodução, desde que sejam citados fonte e autor